Agência Brasil *
Estudo foi divulgado em jornal do Instituto
Americano de Física
Pesquisadores das universidades da Flórida, nos Estados Unidos, e Chiao Tung, em Taiwan, criaram dispositivos que permitem detectar a infecção pelo novo coronavírus em um segundo ou em menos de 30 minutos, conforme a técnica usada. Os estudos foram divulgados hoje (18) na publicação Journal of Vacuum Science & Technology B, do Instituto Americano de Física.
Os cientistas desenvolveram um biossensor que
permite detectar em um segundo biomarcadores para o vírus.
Uma equipe da Universidade de Illinois,
também nos Estados Unidos, criou um dispositivo portátil, em que muitos dos
seus componentes podem ser impressos em 3D e que permite obter resultados
precisos a partir de uma amostra de saliva em menos de 30 minutos. O
dispositivo é apresentado em artigo na revista Nature Communications.
O biossensor, semelhante ao usado para
detectar glicose no sangue, permite identificar proteínas do novo coronavírus
SARS-CoV-2 por meio de um detector de biomarcadores -- semelhante na forma às
tiras de papel utilizadas nos testes de níveis de glicose -- com um pequeno
canal onde são colocados os fluidos a serem analisados.
Dentro desse `microcanal´, os fluidos entram
em contato com eletrodos, um dos quais é revestido a ouro, onde são
quimicamente fixadas amostras de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2.
No processo de análise, um sinal elétrico é
enviado de um painel de controle por meio do eletrodo com as amostras de
anticorpos para um segundo elétrodo, sem anticorpos.
Esse sinal volta depois ao painel de
controle, onde é amplificado por um transístor e convertido num determinado
número - indicador do diferencial entre o eletrodo com anticorpos e o eletrodo
sem anticorpos - que representa uma posição numa escala de concentração de
proteínas virais presentes na amostra em análise.
Os biossensores são descartáveis, mas as
outras partes do dispositivo são reutilizáveis, permitindo reduzir os custos do
teste, adaptável a outras doenças.
A equipe de cientistas de Illinois criou
ainda um dispositivo portátil para detectar marcadores genéticos do novo
coronavírus a partir de amostras de saliva. Em 104 amostras de saliva, o
equipamento confirmou 28 das 30 amostras positivas para o SARS-CoV-2 e 73 das
74 negativas.
O dispositivo foi igualmente testado em
amostras com ou sem os vírus da gripe, o SARS-CoV-2 e três outros coronavírus
humanos, tendo identificado com rigor as amostras contendo o SARS-CoV-2,
independentemente da presença de outros vírus.
O processo é baseado na criação de enzimas
codificadas com informação sobre o código genético dos vírus analisados, que
lhes permite sinalizar genes virais específicos.
A ação da enzima consiste em
"cortar" os genes-alvo. No processo de análise, as amostras são
tratadas com químicos que produzem fluorescência quando os genes são
"cortados". Quando as enzimas atuam sobre os genes-alvo, a
fluorescência resultante sinaliza o teste positivo.
O equipamento consegue detectar vários genes
por amostra, o que o torna mais preciso do que os testes de um único gene, que
podem conduzir a resultados incorretos ou inconclusivos. Outra vantagem é que
utiliza saliva, que é mais fácil de colher.
Os cientistas admitem que a tecnologia
utilizada pode ser útil para detectar marcadores genéticos de determinados
cânceres na saliva.
O novo coronavírus foi detectado no final de
2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e disseminou-se rapidamente pelo
mundo.
A covid-19, que se tornou uma pandemia há
mais de um ano, provocou, pelo menos, 3,391 milhões de mortes no mundo,
resultantes de mais de 163,5 milhões de casos de infeção, segundo balanço da AFP.