Na primeira sessão da volta aos trabalhos, deputados foram à tribuna comentar as manifestações em defesa do voto impresso, cuja votação na comissão especial está marcada para quinta-feira
Na primeira sessão após o recesso parlamentar, vários deputados foram à
tribuna do Plenário da Câmara dos Deputados para comentar as declarações do
presidente Jair Bolsonaro e as manifestações do último domingo (01), em defesa da PEC do
Voto Impresso (PEC
135/19).
A comissão especial que analisa a proposta deve se reunir nesta quinta-feira (5) para analisar o texto do relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR).
Apresentado no final de junho, o texto exige a adoção de um tipo
de urna eletrônica que permita a impressão do registro do voto. Esse registro
será uma espécie de cédula em papel, a ser depositada em recipiente
indevassável, assegurada a conferência pelo eleitor, mas sem qualquer contato
manual.
Autora da proposta, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) afirma
que as manifestações comprovam o apoio popular à proposta. “O povo não confia
nas urnas eletrônicas sem o registro físico do voto e sem a contagem pública do
voto. Alguns agora chamam de golpe, de falcatrua, mas, na verdade, o Congresso
sempre foi favorável a isso”, disse.
A manifestação também foi celebrada pela deputada Aline Sleutjes (PSL-PR).
“Eu gostaria de parabenizar o povo brasileiro patriota, conservador e de
direita que luta por este Brasil e que esteve nesse domingo nas ruas lutando e
requerendo o voto auditável”, afirmou.
Houve atos em 15 estados, segundo o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).
Ele defendeu a aprovação da proposta e disse que o eleitor poderia até usar o
voto impresso como comprovante e divulgar em quem votou – o que hoje não é
permitido para evitar a compra de votos.
“O voto pode ser até dado ao próprio eleitor para que ele guarde de lembrança. Não há problema nenhum se ele quiser divulgar, pois é ele que está divulgando.
O voto é secreto, até onde eu entendo, pois o tribunal não pode
divulgar o voto, mas, se o eleitor quiser falar em quem votou, ele é livre”,
defendeu.
Ataque à democracia
A oposição criticou duramente a proposta. Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o foco no voto impresso é a estratégia do presidente Jair Bolsonaro para tumultuar o processo eleitoral. “O que este presidente quer não é, de fato, uma eleição legítima.
O que ele quer é criar uma dimensão política de deslegitimar
as eleições. O que ele quer é criar argumentos para poder nublar a sua derrota,
que se aponta para as eleições de 2022”, disse.
Ela afirmou ainda que a possibilidade de fraude aumenta com a impressão dos
votos. “Os votos serão apurados por 1 milhão e 800 mil mesários, em 500 mil
sessões, transportados por agentes de segurança, transportados em carros. Isso
é ridículo!”, disse.
Para a deputada Benedita
da Silva (PT-RJ), trata-se de um ataque à democracia. “Bolsonaro disse mais
de uma vez que tem que provar fraudes, mas não provou nada. É um fanfarrão. Em
vez de cuidar de mais de 557 mil pessoas mortas pela pandemia, ele está cuidando
da sua eleição”, criticou.
Já o deputado Leo de Brito (PT-AC) cobrou atitudes dos presidentes da Câmara e do Senado contra os ataques ao sistema eleitoral. “Eu quero pedir aqui uma atitude do presidente desta Casa, do presidente do Senado.
O que vai ser feito? Nós vamos ficar com
essa intimidação do ministro da Defesa de ficar mandando recado de que não vai
haver eleição no ano que vem? Nós não vamos aceitar intimidação”, afirmou.
Convocação
A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (3) a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
Os parlamentares querem explicações sobre supostas afirmações feitas a interlocutores condicionando a realização de eleições em 2022 à adoção do voto impresso.
📷 Najara Araujo
Carol
Siqueira/Agência Câmara de Notícias