OPINIÃO - Mudanças no comportamento de Bolsonaro geram uma nova postura política

A entrevista concedida pelo presidente Bolsonaro e publicada pela Revista Veja causou mais choque na imprensa brasileira do que a ameaça do ex-presidente Lula de regular a mídia e a internet se for novamente eleito, como já tentou o PT, na época, apoiado pela Fenaj.

A revista abre a matéria destacando que pesquisas apontam que 53% dos brasileiros acham o governo ruim e outros 39% não enxergam qualquer perspectiva na gestão Bolsonaro. Devo lembrá-los que milhões de brasileiros saíram nas ruas, no dia 7 de Setembro, para apoiar o governo em uma proporção jamais vista, até o momento, em manifestações populares no país em apoio a algum político. Muito diferente do que a internet mostra das visitas do “primeiro lugar” por onde passa. Muitos marketeiros e políticos ignoram o fato de o comportamento do eleitor ter mudado nos últimos anos. Essas estratégias de persuasão eleitoreira com pesquisas de intenção de votos subestimam a capacidade de raciocínio lógico da população, e são fontes inesgotáveis de memes pela internet. 

De qualquer forma, diz Bolsonaro que não irá “melar” as eleições e que a chance de golpe é zero! e assim acalmou a turma preocupada com um possível toque de recolher em bares da noite paulistana por militares, mas não se indignou com o mesmo acontecendo por PMs a mando de governadores e prefeitos. 

Aquela imagem de homem truculento, sempre frisada e afirmada pela imprensa, trocou risos em uma entrevista descontraída. Ao estilo lulista, o presidente comparou a um jogo de futebol (como costumava fazer o ex-presidente) suas ações em relação ao “acordo de paz” com o STF, TSE. Nesse segundo caso, chegou a tecer elogios à iniciativa do ministro Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de criar uma comissão para acompanhar o sistema de votação com as urnas eletrônicas. Segundo ele, essa iniciativa contará com vários setores da sociedade, inclusive as Forças Armadas, que estão participando do processo eleitoral a partir de agora. O presidente pode até voltar a confiar nas urnas eletrônicas, quem não confia é a maioria do povo brasileiro, as manifestações mostraram, quando uma das pautas foi a criação do voto impresso. 

A revolta generalizada motivada pelas ações do ministro Alexandre de Morais – que prendeu jornalistas, políticos, desmonetizando canais, censurando vídeos de humor e o mais drástico, que foi criar um ilícito penal inexistente e um dos trending topics do Twitter: Atos Antidemocráticos! – fez milhares se vestirem de verde e amarelo e saírem em protesto.

 Essa censura não aconteceu com o ex-presidiário Lula, suas contas em redes sociais permaneceram ativas e alimentadas durante todo o tempo em que ficou preso. 

Bolsonaro admitiu que seus apoiadores esperavam uma ação radical da parte dele, e que foi cobrado por isso. Sim Bolsonaro, muitos esperavam que você “chutasse o pau da barraca”, ficou claro que a população está cansada do autoritarismo de uma ditadura sempre alertada pela imprensa que viria do governo, mas ela veio do poder judiciário e era preciso barrá-la em nome da liberdade e da democracia. 

A paz é sempre melhor que a guerra, com relação a isso não há dúvidas. A mudança no comportamento do presidente parece ter sido vista com bons olhos pelo Congresso, STF, seus apoiadores e deixa angustiada parte da imprensa, ávida em torná-lo a pauta do dia.

Escrito por Joyce Brito/HB

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