Crianças - Gagueira infantil é normal? Entenda por que ela surge e como lidar

Fala travada, prolongamento de sílabas e repetição de palavras são alguns sinais de que a criança pode estar desenvolvendo a gagueira; processo tende a ser normal no desenvolvimento, mas os pais devem entender e observar.

O tratamento com fonoaudióloga e a orientação dos pais são alternativas de tratamento para crianças com gagueira. | 📷 Reprodução

Comum em crianças pequenas, normalmente com surgimento no período dos 2 aos 4 anos, a gagueira pode ser alvo de preocupação de muitos pais em relação à fala dos filhos. “A gagueira é uma disfluência, caracterizada pela repetição, bloqueio, ruptura ou prolongamento de sons, sílabas ou palavras”, explica Camila Ferreira Koszka, fonoaudióloga infantil. “É importante dizer que ela é involuntária, então a pessoa que gagueja não consegue ter o controle, é totalmente involuntário.”

Os sinais e sintomas da gagueira podem ser facilmente identificados na criança, por meio de manifestações das disfluências – ou seja, quebras na fluência – da fala. Entretanto, essas manifestações podem ser passageiras, e se enquadrar na chamada gagueira do desenvolvimento. 

Um processo do desenvolvimento da fala

A gagueira do desenvolvimento é a gagueira interpretada como natural, ou seja, é fruto do processo de desenvolvimento da fala da criança e do aumento do número de palavras em seu vocabulário. Por isso, está associada à faixa etária dos primeiros anos de vida, entre 2 e 4 anos.

Segundo Camila Koszka, isso pode ocorrer se a criança ainda não consegue assimilar todas as novidades no desenvolvimento da linguagem. “Ela tem na memória dela todas as palavras, mas não consegue coordenar o raciocínio junto com a articulação das palavras”, explica a fonoaudióloga. Especialmente em falas mais complexas, isso pode ser comum. Porém, a fonoaudióloga ressalta que o período não deve passar dos 6 meses. 

A pediatra Inez Carvalho acompanhou um período de gagueira da filha Alice, que durou cerca de 4 semanas. “Ela começou a travar nas sílabas e não conseguia completar as frases; repetia várias vezes a mesma sílaba”, conta Inez. Na época, Lili tinha 2 anos e 6 meses, e passava justamente por uma fase de mudanças na forma com que se comunicava. “Ela destravou na fala nesse período. Passando a gagueira, começou a bater papo, o que antes não fazia.”

Reações autoritárias e a gagueira persistente

Tatiana Cavalcanti, fonoaudióloga especializada em distúrbios da fluência e doutoranda em linguística, explica que a gagueira natural é passageira, mas alguns comportamentos e posturas dos próprios pais podem levar a gagueira a permanecer mesmo após esse período de disfluências ao longo do desenvolvimento da fala.

“Essas disfluências são interpretadas como gagueira, ou seja, como algo que é indesejado, errado e que precisa ser corrigido. Com isso, o adulto mostra para ela usando discursos autoritários: ‘respire antes de falar’, ‘fale devagar’, ‘pare de gaguejar’. E esse tipo de reação à fala da criança vai gerando a imagem nela de alguém que não sabe falar bem, o que irá desencadear uma gagueira que chamamos de gagueira persistente.”

Impactos na vida das crianças

A gagueira, quando perdura de forma prolongada na vida da criança, pode causar alguns impactos até mesmo na relação com os colegas e outras pessoas, como explica Tatiana Cavalcanti. “Infelizmente, ainda existe um grande estigma e falta de conhecimento sobre a gagueira, e isso pode fazer com que a criança sofra bullying e a forma da sua fala lhe traga bastante sofrimento.” Segundo a especialista, muitos ainda interpretam a gagueira de forma equivocada, como algo que interfere nas habilidades cognitivas da criança. 

“É preciso entender que a pessoa que gagueja é igualmente capaz a qualquer outra pessoa. Isso não interfere em sua inteligência. É apenas uma forma de falar.”

Camila Koszka também ressalta que, caso a criança não tenha um tratamento ou orientação por parte dos adultos em seu entorno, ela pode criar uma percepção própria de que não fala da mesma forma que conseguia antes.

“Assim, ela mesma pode passar a se isolar, pois ela tenta falar e não consegue passar a mensagem, já que está difícil o entendimento”, completa a fonoaudióloga. “Ou ela acaba se isolando, ou pode ser excluída pelo grupo. Por isso é muito importante ter um olhar atento por parte dos adultos que estão sempre com essa criança, para serem mediadores e saber o que fazer, como ajudar.”

Impactos na vida das crianças

A gagueira, quando perdura de forma prolongada na vida da criança, pode causar alguns impactos até mesmo na relação com os colegas e outras pessoas, como explica Tatiana Cavalcanti. “Infelizmente, ainda existe um grande estigma e falta de conhecimento sobre a gagueira, e isso pode fazer com que a criança sofra bullying e a forma da sua fala lhe traga bastante sofrimento.” Segundo a especialista, muitos ainda interpretam a gagueira de forma equivocada, como algo que interfere nas habilidades cognitivas da criança. 

“É preciso entender que a pessoa que gagueja é igualmente capaz a qualquer outra pessoa. Isso não interfere em sua inteligência. É apenas uma forma de falar.”

Camila Koszka também ressalta que, caso a criança não tenha um tratamento ou orientação por parte dos adultos em seu entorno, ela pode criar uma percepção própria de que não fala da mesma forma que conseguia antes.

“Assim, ela mesma pode passar a se isolar, pois ela tenta falar e não consegue passar a mensagem, já que está difícil o entendimento”, completa a fonoaudióloga. “Ou ela acaba se isolando, ou pode ser excluída pelo grupo. Por isso é muito importante ter um olhar atento por parte dos adultos que estão sempre com essa criança, para serem mediadores e saber o que fazer, como ajudar.”

 Isadora Noronha Pereira/Canguru

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