Segundo a Polícia Civil, foram encontrados oito corpos em um mangue. Moradores relatam que as vítimas tinham sinais de tortura e classificaram o ocorrido como uma chacina. A operação teria sido motivada após a morte de um PM.
Moradores do Complexo do Salgueiro relataram sinais de tortura nos corpos das vítimas. | 📷 Ricardo Moraes/REUTERS
- Defensora pública do Rio de Janeiro fala em "operação vingança" no Complexo do Salgueiro
- Até o momento, sete das oito vítimas foram identificadas
- Um policial militar morreu e, em seguida, operação foi feita no local
A defensora pública do Rio de Janeiro, Maria Júlia Miranda, a operação no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, foi uma “operação vingança”. A declaração foi dada em entrevista ao Uol News nesta terça-feira (23).
Maria Júlia Miranda também criticou a ação policial por não terem registrado um ferimento de uma senhora de 71 anos, atingida no braço. “Existe uma estigmatização do território da favela, como se, obrigatoriamente, estivessem submetidos à violência do Estado”, afirmou ao Uol.
O Ministério Público já investiga o caso. A defensa defendeu a apuração: “A política pública precisa ser compreendida como uma forma decente de fazer essas operações”. Até a tarde da última segunda-feira (22), sete dos oito corpos encontrados foram identificados.
Pedido de investigação da ONU
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu para que seja feita uma investigação, em um processo independente, sobre a chacina que ocorreu ao longo do fim de semana no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro.
Na última segunda-feira (22), famílias tiraram corpos das vítimas da região do mangue após policiais fazerem uma intervenção na comunidade. Até o momento, nove corpos foram encontrados.
No sábado, um policial militar, Leandro da Silva, morreu durante operação no Complexo do Salgueiro e, no dia seguinte, diversos moradores foram assassinados. Familiares e amigos falaram em sinais de tortura nos corpos encontrados. A suspeita é que a chacina tenha sido uma retaliação.
Segundo o Uol, o Alto Comissariado da ONU mostrou preocupação com o ocorrido e pediu a identificação dos responsáveis. “Nosso escritório pede ao Ministério Público que conduza uma investigação independente, completa, imparcial e eficaz sobre essas mortes, de acordo com padrões internacionais”, declarou a porta-voz da entidade, Marta Hurtado.
Sinais de tortura
Segundo a TV Globo, moradores das Palmeiras classificam a ação policial como uma chacina. “Os corpos estão todos jogados no mangue, com sinais de tortura. As pessoas, uma jogada por cima da outra. Estava com sinal totalmente de chacina mesmo”, revelou um morador do local.
Outra moradora afirmou que muitos conhecidos foram mortos pelos PMs. “A gente estava gritando no mangue para ver se consegue tirar, mas todos mortos”, disse.
À TV Globo, uma terceira moradora disse que as mães das vítimas estão entrando na região do mangue para resgatar os corpos. “As mães estão entrando dentro do mangue. Com o mangue acima do joelho para poder tentar puxar os corpos”, detalhou à TV Globo.
Ao jornal Extra, outra pessoa que vive no local revelou que, entre as vítimas, havia pessoas envolvidas com o crime, mas também “pais de família”. Além disso, o morador revelou que não foram encontradas armas junto aos corpos.
“Tinham pessoas envolvidas com o crime? Tinham. Mas a grande maioria não tem nada com o fato. Muitas pessoas estão desfiguradas. Se eles tivessem a intenção de prender, não teriam feito isso. Quem correu se salvou. Essas mortes aconteceram de ontem para hoje. (Os policiais militares) passaram de sábado para domingo e ontem durante o dia eles saíram e voltaram. Se fosse troca de tiros, os jovens não estariam assim. Eles fizeram uma chacina. Resgatamos os corpos e não achamos nenhuma arma. Morreu um PM em um dia e no outro eles fizeram uma chacina."
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