ONU tenta trégua para levar ajuda à cidade sob cerco, enquanto o presidente da câmara quer a retirada total da população. Forças ucranianas registam vitórias noutras partes do país
O teatro de Mariupol alvo de bombardeamento russo e no qual se estima terem morrido 300 pessoas.© EPA/MAXAR TECHNOLOGIES HANDOUT
Vadym Boichenko, o autarca de Mariupol, estratégica cidade do sudeste sob cerco dos russos, disse que a cidade tem de ser evacuada sob pena de a catástrofe se juntar ao drama. Pelas suas estimativas, a cidade que tinha mais de 450 mil residentes terá agora 160 mil, "onde é impossível viver porque não há água, nem eletricidade, nem aquecimento, ou ligações", disse numa entrevista televisiva. "E é realmente assustador."
Segundo Tetiana Lomakina, assessora do presidente ucraniano, cerca de 5000 pessoas foram sepultadas desde o início do cerco, mas há 10 dias que não há enterros devido aos "bombardeamentos contínuos", pelo que o número de mortos pode ascender aos 10 mil. "As forças armadas russas estão a tornar a cidade em poeira", acusa o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
"Desde o início da invasão russa há um mês, a guerra levou à perda sem sentido de milhares de vidas; à deslocação de 10 milhões de pessoas, principalmente mulheres e crianças; à destruição sistemática de infraestruturas essenciais; e ao aumento vertiginoso dos preços dos alimentos e da energia a nível mundial", disse o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, à porta do Conselho de Segurança da ONU. "Isto tem de acabar."
Perdas
Cerca de 20 mil ucranianos morreram desde que a Rússia iniciou a invasão em 24 de fevereiro e 10 milhões tiveram que abandonar as casas, segundo as autoridades. O governo de Kiev estimou que os prejuízos causados pela guerra em mais de 500 milhões de dólares. O porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano também atualizou as perdas do lado russo. Segundo Kiev, o exército russo perdeu 17 mil militares, quase 1700 veículos blindados, 586 tanques, mais de 300 sistemas de artilharia, 123 aviões, entre outras perdas.
Biden sem arrependimentos
Criticado por aliados e adversários por ter chamado Putin de "carniceiro" e desabafado que o líder russo não "pode manter-se no poder", Joe Biden disse não estar arrependido. "Eu estava falando para o povo russo", explicou. "Eu não quero saber o que ele pensa. Dado o seu comportamento recente, as pessoas devem compreender que ele vai fazer o que ele pensa que deve fazer, ponto final."
César Avó/dn.pt