TRAGÉDIA - Ajuda chega à zona do terremoto no Afeganistão e faz 1.000 mortos

Médicos e voluntários do Crescente Vermelho Afegão transportam vítimas do terremoto para hospitais no distrito de Spera, província de Khost, Afeganistão. | 📷 Folheto via REUTERS

A ajuda começou a chegar nesta quinta-feira em uma parte remota do Afeganistão, onde um terremoto matou 1.000 pessoas, mas as comunicações precárias e a falta de estradas adequadas estão dificultando os esforços de socorro em um país que já enfrenta uma crise humanitária.

O terremoto de magnitude 6,1 ocorreu na madrugada desta quarta-feira (22), a cerca de 160 quilômetros a sudeste de Cabul, em montanhas áridas pontilhadas de pequenos assentamentos perto da fronteira com o Paquistão.

"Não podemos alcançar a área, as redes são muito fracas, estamos tentando obter atualizações", disse Mohammad Ismail Muawiyah, porta-voz do principal comandante militar do Taleban na província mais atingida de Paktika, referindo-se às redes telefônicas.

O terremoto matou cerca de 1.000 pessoas e deixou 1.500 feridos, disse ele. Mais de 3.000 casas foram destruídas.

O número torna o terremoto mais mortal do Afeganistão em duas décadas, de acordo com dados do governo dos EUA.

Cerca de 1.000 pessoas foram resgatadas de várias áreas afetadas nesta manhã de quinta-feira, disse o 
porta-voz do Ministério da Saúde, Sharafat Zaman.

"A ajuda chegou à área e continua, mas é necessário mais", disse ele.

A cidade de Gayan, perto do epicentro, sofreu danos significativos com a maioria de seus edifícios de paredes de barro danificados ou completamente desmoronados, disse uma equipe da Reuters.

A cidade, com apenas as estradas mais básicas, estava cheia de soldados e ambulâncias do Talibã quando um helicóptero trazendo suprimentos de socorro pousou nas proximidades, levantando enormes redemoinhos de poeira. Cerca de 300 pessoas estavam sentadas no chão esperando por suprimentos.

A operação de resgate será um grande teste para o Taleban islâmico linha-dura, que assumiu em agosto passado quando as forças internacionais lideradas pelos EUA se retiraram após duas décadas de guerra.

A situação humanitária se deteriorou de forma alarmante desde a tomada do poder pelo Talibã, dizem autoridades de ajuda, com o país cortado de grande parte da assistência internacional por causa das sanções.

A economia do Afeganistão praticamente entrou em colapso, disse o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, em um apelo aos doadores de ajuda no final de março.

A seca prejudicou a produção de alimentos e 9 milhões de afegãos enfrentam fome. Algumas famílias foram forçadas a vender crianças e órgãos para sobreviver, disse ele.

As Nações Unidas disseram que seu Programa Mundial de Alimentos (PAM) está enviando alimentos e equipamentos de logística para as áreas afetadas, com o objetivo de apoiar inicialmente 3.000 famílias.

"O povo afegão já está enfrentando uma crise sem precedentes após décadas de conflito, seca severa e recessão econômica", disse Gordon Craig, vice-diretor do PMA no Afeganistão.

"O terremoto só vai aumentar as já enormes necessidades humanitárias que eles suportam diariamente."

O Japão e a Coreia do Sul disseram que também planejam enviar ajuda. 

Grandes partes do sul da Ásia são sismicamente ativas porque uma placa tectônica conhecida como placa indiana está empurrando para o norte na placa eurasiana.

Em 2015, um terremoto atingiu o remoto nordeste afegão, matando várias centenas de pessoas no Afeganistão e nas proximidades do norte do Paquistão.


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