O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve manter o advogado César de Lira no comando da superintendência do Incra em Alagoas, apurou o portal Carta Capital com interlocutores do governo.
O martelo foi batido durante reunião na residência oficial da Câmara nesta segunda-feira 15, da qual participou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
A decisão pela permanência do primo de Arthur Lira (PP-AL) no Incra, vista como um aceno do Palácio do Planalto à Câmara, ocorre às vésperas da instalação da CPI que mira as recentes ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A tendência é que a CPI do MST seja instalada nesta quarta-feira 17. O colegiado deve ter entre seus integrantes expoentes do bolsonarismo, como os deputados federais Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP), cotados para a presidência e para a relatoria, respectivamente.
O acordo para manter César de Lira no comando da unidade de Alagoas acontece após declarações de ministros do governo Lula em relação à ofensiva da bancada ruralista contra o movimento.
No final de semana, Paulo Teixeira ironizou a instalação da CPI e disse que os parlamentares encontrariam “coisas gravíssimas” durante a investigação, como suco de uva produzido sem trabalho escravo – uma referência às recentes denúncias de exploração trabalhista no Rio Grande do Sul.
A gestão de César de Lira é alvo de críticas do MST, que chegou a ocupar o prédio da unidade alagoana em abril durante as ações do Abril Vermelho. A entidade cobra a nomeação do servidor público José Ubiratan Resende Santana para o posto.
Lira foi nomeado superintendente do Incra em Alagoas ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2017, por indicação do deputado federal Marx Beltrão (PP-AL). Ele permaneceu no cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL) com o apadrinhamento de Lira.
Por Wendal Carmo/Carta Capital