OPINIÃO - Triste: militares brasileiros prestam continência a Nicolás Maduro | Alexandre Garcia

Dói ver militares saudando Maduro


Está se esgotando o prazo que a Câmara deu ao deputado Deltan Dallagnol para apresentar sua defesa ante a condenação pela Justiça Eleitoral, que tirou o seu mandato, dado a ele por 345 mil eleitores, se não me engano, do Paraná. Foi o mais votado. E foi um julgamento incrível, que durou um minuto e seis segundos, em que estabeleceram um exercício de futurologia, dizendo que futuramente ele poderia ter que responder a um processo disciplinar e, portanto, ele não poderia ter sido aceito. Registro que o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná aceitou, inclusive com a Procuradoria dizendo aos partidos políticos de esquerda que entraram para caçar o registro que não há nenhum motivo para caçar o registro, uma vez que ele não respondia a nenhum processo disciplinar.

Então, está se esgotando, amanhã, o prazo de cinco dias úteis depois da publicação no Diário Oficial da notificação para ele. Não foi retirado pela Câmara dos Deputados. Eu não vou dizer que é a dona do mandato dele, porque os donos do mandato dele são os eleitores. Na verdade, os eleitores é que estão sendo caçados. Esperaram o fato consumado para depois caçar, que é uma coisa muito, muito estranha. Fizeram o contrário no julgamento, no qual julgaram por um fato futuro que ainda não aconteceu. E depois, diante de um fato consumado, caçaram o mandato dele.

Manifestações em 4 de junho

Vão fazer manifestações no dia 4, nas capitais do Brasil, em favor de Deltan, em favor da Constituição, do devido processo legal e do Estado Democrático de Direito. Por falar nisso, mais 131 pessoas, mulheres, homens, idosos, foram considerados réus. Aqueles que estavam lá no acampamento, que foram presos, agora a gente sabe, foram presos pelo Exército, como disse o comandante militar do Planalto, depondo na Assembleia Legislativa do Distrito Federal.

E somando-se aos 1.044 que já são réus, dá 1.175. Interessante que um advogado criminalista, me perguntou ontem: 175 réus, entre sobrinhos, netos, filhos, afilhados. Eu perguntei, como, por quê? Esses jamais esquecerão o que está sendo feito. Eu imagino que seja umas 10 mil pessoas, talvez, ou mais. Realmente eu não tinha pensado nisso. Não atinge apenas a pessoa, atinge todos aqueles que amam essas pessoas. É uma questão.

Militares brasileiros e Maduro

Bom, durante o governo Bolsonaro, o então presidente reconheceu Juan Guaidó como presidente da Venezuela e a embaixadora de Guaidó aqui no Brasil. Agora está mudando tudo. O Nicolás Maduro chegou à noite, de repente. Teve que ser de repente, teve que ser secreto, para enganar os Estados Unidos, porque ele é procurado nos Estados Unidos e onde o avião dele pousar, e houver possibilidade, o avião vai ser confiscado também e ele está sendo procurado por narcotráfico, narcoterrorismo. Eu achei feia a posição de alguns deputados brasileiros que foram se queixar para a embaixadora americana, como se reconhecendo que ela tivesse algum poder sobre a lei brasileira. Uma atitude assim meio de colonizado, mas enfim, deveriam protestar, como protestaram na tribuna da Câmara e com a presença. Eu fiquei com pena até porque o Exército fez a operação acolhida maravilhosa, digna de Prêmio Nobel da Paz, para receber milhares e milhares de venezuelanos com fome, doentes, fugindo do país em que nasceram. E depois ter que ver os dragões da independência prestando homenagem, continência, na subida da rampa do Palácio do Planalto de Nicolás Maduro, que desde 2015 não vem ao Brasil.

📷 Rafa Neddermeyer
Por Alexandre Garcia/GP
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