MUNDO MILITAR - Os EUA, através da CIA e outros órgãos, pressionaram Generais Brasileiros durante as Eleições

De acordo com informações publicadas pelo site americano Financial Times e outros veículos de notícias, houve uma pressão discreta por parte do governo dos Estados Unidos para instar os líderes políticos e generais brasileiros a “proteger a democracia” durante a eleição no Brasil em 2022.

O objetivo dessa campanha coordenada, que envolveu órgãos como a CIA, o Departamento de Estado, o Pentágono e a Casa Branca, era enfatizar aos aliados próximos de Jair Bolsonaro que os Estados Unidos não tolerariam qualquer tentativa de questionar o resultado eleitoral.

Segundo o ex-alto funcionário do Departamento de Estado Tom Shannon, essa iniciativa teve início com a visita do conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, ao Brasil em agosto de 2021, que deixou preocupações em relação às intenções de Bolsonaro em manipular ou negar os resultados das eleições, semelhante ao que Donald Trump havia feito nos Estados Unidos.

A pressão dos Estados Unidos também envolveu uma declaração de apoio ao sistema de votação brasileiro interno pelo Departamento de Estado, afirmando que o sistema eleitoral do Brasil servia de modelo para outras nações.

Segundo relatos, a declaração dos Estados Unidos foi especialmente importante para os militares brasileiros, uma vez que eles têm uma relação de cooperação e recebem equipamentos e treinamento dos EUA. Essa declaração teria servido como um antídoto contra qualquer tentativa de intervenção militar nas eleições.

Papel dos militares na eleição

O papel dos militares brasileiros na eleição foi alvo de discussão no país durante todo período de campanha eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro já lançava dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, criticando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acusando-o de recusar as sugestões feitas pelo Exército sobre o funcionamento do sistema eleitoral.

Suas declarações e a possibilidade de uma interferência militar nas eleições levantaram preocupações tanto no Brasil quanto internacionalmente (leia-se: nos Estados Unidos).

Além disso, de acordo com a reportagem, houve propostas de parlamentares democratas dos Estados Unidos para barrar o envio de recursos da Defesa para o Brasil caso os militares brasileiros interferissem nas eleições ou buscassem realizar alguma intervenção.

Essas propostas visavam vincular a assistência ao Brasil na área de defesa à neutralidade eleitoral das Forças Armadas.


Por Sérvulo Pimentel/RSM
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