Uma combinação de água quente, mar calmo e condições nubladas deixou os níveis de oxigênio tão baixos nas águas do Texas que milhares de peixes mortos deram à costa, num fenomeno de proporções únicas
Darrell Schoppe estava, há já uma semana, ansioso pela sua viagem de pesca. Na sexta-feira levantou-se cedo e foi para uma praia na costa do Golfo do Texas. Mas quando se dirigia para a areia no seu jipe para ver o nascer do sol, viu uma cena surpreendente e aterradora.
Dezenas de milhares de peixes mortos — o menhaden do Golfo, tubarões, trutas, robalos, peixes-gato e arraias — estavam a cobrir a costa. Schoppe, de 54 anos, viveu toda a sua vida perto da costa do Golfo, mas nunca tinha visto tantos peixes mortos. Gravou vídeos do oceano enquanto conduzia pela costa, encontrando os peixes mortos ao longo de um trecho de cerca de sete milhas perto de Freeport, Texas.
"Era tudo o que eu podia fazer naquele momento, porque eu estava meio que aterrorizado", disse Schoppe ao The Washington Post. "É claro que eu não ia lá para fora para tentar apanhar trutas; estava tudo morto".
Schoppe foi uma das primeiras testemunhas da cena. Mais tarde, as autoridades do Texas aconselharam os visitantes a evitar a água enquanto as equipas de limpeza limpavam os peixes. Embora os baixos níveis de oxigénio provoquem a morte dos peixes todos os Verões, uma combinação de água quente, mar calmo e condições nubladas deixou os níveis de oxigênio tão baixos na sexta-feira que provocou mais peixes mortos do que muitos funcionários alguma vez tinham visto.
Thousands of fish washed up dead on a Texas beach after being starved of oxygen in warm water. pic.twitter.com/Hyafl3JEDy
— Shiv Aroor (@ShivAroor) June 12, 2023
Frazier explica que a água fria pode reter mais oxigênio do que a água quente, e as temperaturas chegaram a ultrapassar os 33 graus Celsius no Condado de Brazoria na sexta-feira, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia. Para o menhaden do Golfo – o peixe prateado, com cerca de 30 centímetros de comprimento, mais afetado na sexta-feira – viver a temperaturas superiores a 21 graus Celsius pode ser difícil, confirmaram as autoridades. Frazier adiantou ainda que seria difícil determinar a temperatura da água porque não se sabe exatamente onde os peixes morreram antes de virem à superfície.
Apesar de este caso se destacar pela sua dimensão, os eventos de morte de peixes acontecem quase todos os verões no Texas, disseram as autoridades. O Norte do Golfo do México forma uma das maiores "zonas mortas" de peixes do mundo, de acordo com o Serviço Nacional de Oceanos.
Algumas pessoas continuaram a visitar a praia e a mergulhar na água, mas Bryan Frazier disse que a zona cheirava a "um velho mercado de peixe" durante todo o fim-de-semana, enquanto muitos dos peixes permaneciam ao calor.
📷 Divulgação/DR
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