Escolha da ex-presidente, feita pelo sistema Cofecon/Corecons por sua significativa contribuição para o desenvolvimento econômico e social”, foi anunciada no sábado, 9, em reunião plenária das entidades
Dilma Rousseff. | 📷 Agência Brasil
A ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), mais conhecido como Banco do Brics, foi eleita “Mulher Economista 2023″, pelo sistema Cofecon/Corecons, que reúne o Conselho Federal de Economia e os Conselhos Regionais de Economia.
De acordo com o comunicado do Cofecon, a escolha de Dilma, anunciada durante reunião plenária das entidades, realizada no sábado, 9, em formato híbrido (presencial e virtual), levou em conta “sua significativa contribuição para o desenvolvimento econômico e social do País ao longo de sua carreira”.
“A premiação marca não apenas a celebração do mérito da economista, mas também destaca a importância de reconhecer e valorizar as mulheres que desempenham papéis relevantes na promoção do desenvolvimento com responsabilidade social”, diz o comunicado do Cofecon. ”A escolha de Dilma Rousseff como a Mulher Economista de 2023 reflete o reconhecimento do seu legado e expertise no campo econômico, bem como seu papel fundamental na formulação e implementação de políticas que moldaram a trajetória econômica do Brasil”.
Segundo o comunicado, publicado no site do Cofecon, a eleição de Dilma se deu em quatro fases. Primeiro, houve a indicação dos concorrentes pelos conselheiros federais, Conselhos Regionais de Economia e Comissão Mulher Economista e Diversidade da entidade. Depois, em lista secreta, o Plenário do Cofecon formou lista décupla, a partir da qual os Corecons, por meio de seus plenários, chegaram a uma lista tríplice dos concorrentes. Entre os três nomes mais votados, a ex-presidente saiu vencedora em votação secreta, realizada pelo plenário do Cofecon.
A escolha de Dilma como “Economista Mulher de 2023″ chama a atenção pelo seu retrospecto na economia durante sua passagem pelo Palácio do Planalto, entre 2011 e 2016, e como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, nos dois primeiros mandatos de Lula.
Alvo de um processo de impeachment aprovado pelo Congresso e referendado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por causa das chamadas “pedaladas fiscais”, que maquiaram o resultado das contas públicas, Dilma levou o País à maior recessão da história, em 2015 e 2016, com uma queda acumulada de quase 7% do PIB (Produto Interno Bruto) no período. Nem na Grande Depressão de 1929, a queda no PIB foi tão grande. Em 1981 e 1983, a recessão também foi forte, mas a queda do PIB não ocorreu em dois anos seguidos, como no caso de Dilma, e o impacto da retração econômica foi amenizado pelo crescimento de 0,83% do PIB em 1982.
Considerada como autora da frase “gasto é vida”, que se tornou alvo de ironias sem fim por parte de seus críticos, Dilma produziu os dois maiores déficits primários (saldos das receitas e despesas do governo, sem o pagamento dos juros da dívida) de quem se tem notícia pelo menos desde o início do governo Collor. No fim de sua gestão, em 2015 e 2016, os rombos chegaram a 1,9% e 2,5% do PIB, respectivamente. Só em 2020, no auge da pandemia, o déficit primário, de 9,8%, do PIB, conforme os dados da Secretaria do Tesouro Nacional e do Banco Central, foi maior.
Ao longo de seu governo, Dilma emprestou quase R$ 500 bilhões do Tesouro para os bancos públicos, especialmente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), quitados durante a gestão de Paulo Guedes no extinto Ministério da Economia, no governo Bolsonaro. Com o suposto objetivo de alavancar a atividade econômica, que patinava sem dar sinais de reação, os recursos eram captados pelo Tesouro a juros de mercado e transferidos para os bancos públicos, que emprestavam os recursos para as empresas a taxas subsidiadas.
Em 2012, ao “reorganizar” o setor elétrico, que era considerado como sua “especialidade”, na renovação das concessões das usinas hidrelétricas, acabou promovendo um aumento de custo para as empresas do setor da ordem de R$ 198,4 bilhões, segundo cálculos da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que foi repassado às tarifas e pago pelos consumidores de energia.
Chamada de “mãe do PAC” (Programa de Aceleração de Crescimento), criado em 2007, no segundo governo Lula, com o alegado objetivo de impulsionar a economia com pesados investimentos estatais e repaginado pelo atual governo, o plano deixou dezenas de obras inacabadas pelo País afora. Por sua atuação como coordenadora do PAC na época, Dilma ganhou o apelido de “gerentona”, que recebeu com satisfação.
Por José Fucs/Estadão