Vladimir Putin afirmou que o acordo é 'pacífico e defensivo, concebido para proteger e defender os interesses básicos dos povos dos dois países'
Encontro entre Kim Jong-un e Vladimir Putin em Pyongyang. | 📷 kremlin.ru
A visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin, à Coreia do Norte fortaleceu a aliança militar entre os dois países. Nesta quarta-feira (19), Moscou e Pyongyang assinaram um pacto de defesa que prevê assistência recíproca em caso de um ataque estrangeiro. No anúncio, ambos deixaram bem claro o objetivo do acordo, citando a luta comum contra o “imperialismo” norte-americano.
O Kremlin insistiu em um ponto que já havia sido destacado em encontros anteriores entre Putin e o presidente da China, Xi Jinping: o da busca por uma nova ordem mundial “multipolar”. Segundo o governo russo, trata-se de uma “luta contra a política hegemônica e imperialista imposta durante décadas pelos Estados Unidos e seus satélites em relação à Federação Russa”.
“Os tempos mudaram”, afirmou o presidente russo em Pyongyang. “Hoje, uma âncora foi levantada neste local e foi anunciado o início solene das relações aliadas entre a RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país) e a Federação Russa, representando um divisor de águas na história do desenvolvimento das relações entre a Coreia e a Rússia”.
Ainda de acordo com Putin, o pacto entre os dois países é “pacífico e defensivo, concebido para proteger e defender os interesses básicos dos povos dos dois países”.
O documento apenas formaliza algo que já era evidente na prática. A Coreia do Norte tem sido um dos mais importantes fornecedores militares da Rússia na guerra contra a Ucrânia, com inúmeros relatos de que o regime comunista ignora as sanções ocidentais e entrega armas ao aliado para serem usadas no conflito.
Em novembro do ano passado, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a relação entre Moscou e Pyongyang “é uma questão de profunda preocupação”, citando o fornecimento de ajuda militar pelos norte-coreanos aos russos, que em troca têm abastecido o aliado com tecnologia de emprego militar.
“É uma preocupação real para a segurança da Península Coreana, é uma preocupação real para os regimes globais de não proliferação, é uma preocupação real para a agressão russa na Ucrânia e uma preocupação real para sua violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)”, disse Blinken na oportunidade.
A parceria vai além do campo militar, com Moscou entregando petróleo a Pyongyang acima do limite estabelecido pelas Nações Unidas e vetando, no Conselho de segurança, a renovação do mandato do painel de monitoramento de sanções que fiscalizava as vendas de produtos controlados aos norte-coreanos.