GUERRA NA UCRÂNIA - Artilharia russa enfrenta perdas sem precedentes e acende alerta em Moscou

As reservas militares do país estão se esgotando, obrigando o governo a recorrer até mesmo a tanques da era da Guerra Fria



A Rússia está sofrendo perdas significativas de equipamentos na guerra na Ucrânia, conforme os últimos dados divulgados por Kiev. Diante dessa situação, Moscou está sendo obrigada a procurar novas fontes para reabastecer suas reservas militares, principalmente na Ásia.

Segundo informações da Newsweek, nesta terça-feira (9), o Ministério da Defesa ucraniano informou que as forças russas perderam 49 peças de artilharia nas últimas 24 horas, elevando o total de perdas desde o início do conflito em 24 de fevereiro de 2022 para mais de 15 mil unidades. Apenas na primeira semana de julho, Kiev estima que as perdas de artilharia russa já somam 416 peças, sinalizando que este mês pode superar o recorde mensal de 1.415 peças perdidas em junho.

No primeiro ano do conflito, as perdas de artilharia russas eram de cerca de 200 por mês. Nos últimos nove meses, esses números aumentaram, frequentemente superando 700 por mês. Em maio, as perdas atingiram 1.160, ultrapassando o recorde anterior de 947 em setembro de 2023. O maior número de perdas em um único dia foi 89, registrado em 3 de maio de 2024.

O site de monitoramento Oryx reportou significativas perdas de artilharia russa até terça-feira: 380 unidades de artilharia rebocada, com 228 destruídas, 52 danificadas, cinco abandonadas e 95 capturadas. Além disso, a Rússia perdeu 779 unidades de artilharia autopropulsada, sendo 621 destruídas, 45 danificadas, cinco abandonadas e 108 capturadas.

Analistas de OSINT (inteligência de fontes abertas) preveem que, até 2026, a Rússia enfrentará dificuldades no campo de batalha devido à falta de certos tipos de veículos blindados e tanques modernos. Isso ocorrerá apesar dos esforços do Ministério da Defesa russo para aumentar a produção de equipamentos militares e acelerar o reparo dos danificados, conforme relatado pelo FREEDOM.

Em meio a esse cenário de esgotamento de reservas militares, o presidente russo Vladimir Putin organizou uma viagem a países aliados como China, Coreia do Norte e Vietnã.

Tanques abandonados pelo exército russo na retirada de Izyum. | 📷 WikiCommons

O especialista militar Vladislav Seleznev destacou que, embora a Rússia tenha recebido suprimentos de equipamentos de países satélites como Belarus e tenha acordos com a Coreia do Norte, esses volumes são insuficientes para resolver seus problemas atuais. Ele mencionou que seria necessário 80% dos recursos do Exército de Libertação Popular (ELP) da China para suprir as necessidades russas, mas Beijing não está disposta a fornecer tais recursos. Minsk já esgotou virtualmente seus recursos, e, embora o regime norte-coreano ainda tenha reservas, há grandes discussões sobre a qualidade desses equipamentos.

Enquanto isso, na região de Belgorod, devido a um ataque de drone ucraniano, a Usina Eletrometalúrgica Oskol teve suas operações interrompidas. O local é crucial para o complexo militar-industrial russo.

Andrey Yusov, porta-voz do centro de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, destacou que será difícil Oskol retomar completamente suas operações nos próximos meses, o que pode causar complicações e interrupções significativas na execução de pedidos de defesa e nas cadeias de suprimentos da Rússia.

Ainda segundo a FREEDOM, especialistas afirmam que, se os fornecimentos necessários de armas para a Ucrânia forem garantidos este ano, a Rússia não terá chances de conquistar territórios ucranianos significativos nos próximos anos. A partir de 2026, espera-se que o poder militar russo enfraqueça.

Tanques da Guerra Fria

Analistas que monitoram mídias sociais revelaram que a força russa na Ucrânia está perdendo quase 100 tanques por mês. Enquanto isso, a indústria russa produz não mais do que 50 novos tanques mensalmente, segundo a Forbes.

Para preencher essa lacuna da melhor maneira possível, os russos estão resgatando tanques antigos da Guerra Fria, reformando-os e, em alguns casos, realizando atualizações antes de enviá-los para o campo de batalha junto com os tanques recém-construídos.

Os tanques recuperados incluem modelos como T-55 dos anos 1950, T-62 dos anos 1960, além de várias variantes mais recentes de T-72 e T-80. Os modelos mais antigos de T-72, como T-72 Ural e T-72A dos anos 1970, não estão sendo recuperados em grande número devido à sua blindagem mais leve e sistemas de controle de fogo menos avançados.

Desde o início da guerra há 28 meses, os estoques de tanques russos diminuíram consideravelmente: os T-55 em 31%, os T-62 em 37% e os T-80B em impressionantes 79%. Apenas 9% dos T-72 foram mobilizados até o momento. Pelo X, antigo Twitter, o analista Highmarsed observou que os russos não estão trazendo os tanques T-72A/Ural de volta ao serviço em quantidades significativas.


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