SELEÇÃO BRASILEIRA - Capitão, Gerson se reinventa e ganha espaço na Seleção

Presente nos últimos quatro jogos do Brasil, meio-campista emerge no radar de Dorival Júnior em meio à sua melhor temporada na carreira


O ano de 2024 transformou Gerson dentro e fora de campo. Acometido por um problema renal que quase o jogou no futebol, o meio-campista se reencontrou como capitão do Flamengo e parece estar pronto para assumir um protagonismo na Seleção Brasileira.

Os acontecimentos da semana passada foram bastante contundentes nesse sentimento. Cinco dias depois de atuar por 90 minutos e se destacar na goleada do Brasil sobre o Peru por 4 a 0 ele liderou um valente Flamengo que com 10 homens em campo pela maior parte do tempo garantiu contra o Corinthians fora de casa a classificação para a final da Copa do Brasil.

Ao final da partida, ele falou como um verdadeiro líder da expulsão de seu companheiro, Bruno Henrique.

“Eu disse que a gente iria buscar uma classificação por ele, porque ele merece. É um cara pelo qual tenho um carinho enorme, luta pela gente sempre até o final, e a gente tinha que se classificar por ele”, afirmou na saída do gramado o ex-jogador do Olympique de Marselha e Roma.

A maturidade com as palavras se reflete também em campo: aos 27 anos, Gerson tem vivido sua melhor temporada. Ele é uma constante de um ano de altos e baixos para o Flamengo. É como se, inspirado pelo seu estilo em campo, o Rubro-Negro se lembrasse de manter a cabeça em pé.


Sua influência vai muito além dos quatro gols e oito assistências: contra o Corinthians, com toda a sua classe no controle de bola, foi fundamental para reter a bola e evitar que o segundo tempo virasse um sufoco. Isso depois de se recuperar de febre horas antes de a bola rolar.

“Gerson dá a vida pelo Flamengo, bota o tempo acima de tudo. Ele não me dá defeitos, eu não vejo nada nele que me desagradou”, afirmou hoje o técnico Filipe Luís, seu ex-companheiro de vestiário, em entrevista ao CharlaPodcast.

Ano começa com drama

É uma reviravolta, e tanto, para alguém que, em fevereiro, recebeu uma notícia de que caiu feito bomba. Com fortes dores abdominais, Gerson foi ao hospital e descobriu uma hidronefrose por infecção nos rins. O quadro oferece intervenção rápida e cirúrgica.

Foram dias hospitalizados e semanas longe dos gramados, à espera da cicatrização e das retiradas de cateteres da operação. Ao fim de um intervalo de um mês e meio, ele poderia voltar a jogar. A experiência foi transformadora para Gerson, que revelou ter o temido o fim de sua carreira.

“Passei por um momento difícil. Como atleta, sabemos que temos risco de lesão, mas não foi uma lesão no meu trabalho”, afirmou em entrevista coletiva pela Seleção. “Meses atrás eu poderia ter recebido a notícia de não poder jogar mais futebol por conta da cirurgia, e hoje estou aqui”.

Uma capitania

Com a saída de Everton Ribeiro, no final de 2023, a faixa de capitão do Flamengo ficou vaga enquanto Gerson estava ausente. Após o retorno da meia, porém, o então técnico Tite fez sua escolha.

"O comportamento é exemplar, no dia a dia, no vestiário, na conduta", detalhou o ex-treinador do Fla e da Seleção à FIFA . “O Gerson está de parabéns por essa conduta, essa lealdade e retidão entre o discurso e a prática. Ele se mostrou comigo uma pessoa do mesmo nível que o atleta é, nesse processo de evolução”.

Um bom exemplo do papel desempenhado por Gerson no elenco foi visto na vitória do Flamengo sobre o Bahia pelo Brasileirão. Nos acréscimos, o Rubro-Negro tinha um pênalti para cobrar. Com a bola nas mãos, o capitão preferiu dar uma chance para Carlos Alcaraz, reforço de meio de ano que ainda não havia feito gol pelo clube.

“Uma grande referência como Gerson me deu o pênalti para eu bater. Muito obrigado a ele, que me dá sempre muita confiança em todos os treinos”, disse o argentino após o gol que definiu a vitória por 2 a 0.

A Seleção

Convocado pelo Brasil para as duas Datas FIFA depois da Copa América, Gerson ganhou espaço no time de Dorival Júnior. Ele entrou durante as duas partidas da janela de setembro – contra Equador e Paraguai –, mas foi em outubro que os minutos aumentaram de vez.

Contra o Chile, em Santiago, substituiu Lucas Paquetá ainda no intervalo e ajudou o Brasil a virar o jogo por 2 a 1. Antes da partida contra o Peru, em Brasília, o meia exerceu sua liderança para cobrar melhor desempenho da Seleção.

“O impacto tem que ser imediato. A gente tem que trazer o motor para o nosso lado desde o aquecimento. A gente tem que mostrar que quer ganhar o jogo logo assim que o juiz apitar, jogando de maneira mais organizada, no nosso estilo de jogo”, pontudo.



Dito e feito. Ele ganhou a vaga no time titular e foi o único entre meio-campistas e atacantes que jogou todos os 90 minutos na goleada por 4 a 0. A expectativa agora, ainda mais depois da magnífica atuação contra o Corinthians, é que ele volte a figurar na escalada nas partidas contra Venezuela e Uruguai em novembro.

“Acho que agora estou juntando tudo: parte física, técnica e mental. É um dos momentos mais importantes da minha carreira”, afirma. “O futebol é difícil, oscilante, por mais que a gente queira o alto nível. Estou sempre concentrado pelo melhor, e é seguir assim daqui para frente. O que eu boto na cabeça é: sempre estar preparado para minha equipe de ajuda, seja o Flamengo, seja a Seleção”.
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