A opinião da Revista Sociedade Militar(RSM) – Há mais de 12 anos online, hoje o mais acessado veículo de comunicação online voltado para os militares e as questões relacionadas à profissão militar, tem o dever de se posicionar frente à avalanche de questionamentos e críticas que têm atingido os membros das Forças Armadas. Vivemos um momento crucial em nosso país, é necessário esclarecer equívocos e reafirmar o compromisso que todos os brasileiros devem ter com o futuro de nossa nação.
A esmagadora maioria dos militares das Forças Armadas – mencionados como a “tropa” – não exerce qualquer influência sobre movimentações estratégicas ou acordos políticos firmados (ou não) pelos membros da alta cúpula. Esses homens e mulheres, diariamente, arriscam suas vidas em missões que, muitas vezes passam despercebidas pela maior parte dos cidadãos.
Uma vida marcada pela simplicidade
Os militares, juntamente com suas famílias, levam vidas marcadas pela simplicidade e discrição. Suas remunerações estão muito longe de refletir o peso de suas responsabilidades e o risco que correm.
Como revelamos recentemente em artigo publicado, com base em dados obtidos junto ao governo federal, mais de 20 mil pensionistas das Forças Armadas recebem proventos abaixo do salário mínimo e, em relação aos militares da ativa, mais de 100 mil recebem salários iguais ou abaixo do mínimo nacional – dados alarmantes que expõem a precariedade enfrentada por muitos nas Forças Armadas.
Há inúmeras situações que sequer chegam ao conhecimento da sociedade, em grande parte porque o militar padrão é, por formação, adepto do silêncio. Raramente se ouve falar dos sacrifícios enfrentados por familiares de militares, que muitas vezes contraem malária ou outras doenças tropicais ao residirem em regiões remotas de nosso país, atendendo ao chamado do dever.
Também é pouco mencionado que os militares não dispõem de planos de saúde luxuosos, como frequentemente é propagado pela imprensa. Na realidade muitos daqueles que ocupam lugar na base da estrutura hierárquica podem passar meses em filas virtuais aguardando consultas ambulatoriais nos sistemas de saúde das FA e alguns permanecem anos arcando com descontos em seus contracheques para cobrir procedimentos realizados em hospitais militares, enfrentando limitações e desafios que definitivamente ficam longe dos holofotes da imprensa não especializada.
O risco da própria vida
A vida militar é regida pela dedicação exclusiva, com jornadas de trabalho imprevisíveis e moldadas pelas demandas do serviço e ordens que não precisam ser explicadas. Desde reparos em equipamentos essenciais, operações de GLO até o socorro em situações de calamidade, como enchentes, os militares dedicam tempo e energia para cumprir aquilo que lhe chega como missão. Essa dedicação exclusiva, por sua vez, os impede de se envolverem em questões político-partidárias, sob pena de severas sanções, incluindo a exclusão das Forças Armadas.
Ainda assim os militares brasileiros como um todo têm sido injustamente responsabilizados por erros e omissões de lideranças do passado, longínquo e recente. Essa generalização, simplista e desprovida de fundamento, ignora o sacrifício e a ética que guiam a maioria desses profissionais. Depreciar os membros das Forças Armadas é enfraquecer nossa principal garantia de defesa em situações de ameaça externa.
“A sobrevivência de uma nação depende de sua capacidade de defender sua soberania.” — Otto von Bismarck
É fundamental resgatar o senso de justiça e honestidade que pulsa em cada cidadão brasileiro. Autoridades e sociedade precisam ir além das narrativas simplistas e reconhecer o compromisso humano e patriótico que define os militares. Uma breve reflexão pode trazer à mente momentos em que a atuação desses profissionais despertou orgulho, admiração ou gratidão, por estarem sempre prontos a agir em defesa da nação e de seu povo, independentemente das adversidades.
“Os militares são os guardiões silenciosos da liberdade e da paz.” — John F. Kennedy
Pensar nos militares das Forças Armadas como um grupo homogêneo, julgando todos os seus membros com base em atitudes de alguns líderes é uma visão que qualquer cidadão sensato sabe que é injusta. Essa postura desmerece aqueles, a grande maioria, que com coragem e comprometimento, arriscam suas vidas pelo bem-estar da nação. É hora de lembrar do que já fizeram e fazem quotidianamente, reconhecer sua importância, restaurar a confiança de que entrarão em ação quando for preciso e reafirmar o papel das Forças Armadas como um pilar essencial de proteção e estabilidade.