BRASIL - EUA deportam estrangeiros algemados há décadas, e MJ explica por que a reação agora

Ministério alegou que o problema não foi o uso das algemas na saída do território americano, mas o fato de os Estados Unidos insistirem em manter cidadãos brasileiros algemados já em território brasileiro


Brasileiros deportados pelos Estados Unidos. | 📷 Reprodução X / Paulo Pimenta

O uso de algemas nas deportações feitas pelos Estados Unidos é prática utilizada há décadas, embora a discussão não tenha ganhado tamanha repercussão política em outro momento. Segundo interlocutores do governo Lula, desde 2021, o Itamaraty tem reiterado, por escrito e depois verbalmente, o entendimento de que uso não pode ser indiscriminado. Em média, de 2022 a 2024 houve 15 voos por ano com deportação de brasileiros que estavam nos EUA.

Indagado sobre o motivo de decidir intervir no caso atual, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou, por meio da assessoria, que o caso difere das deportações anteriores. Alegou que o problema não foi o uso das algemas na saída do território americano, mas o fato de os Estados Unidos insistirem em manter cidadãos brasileiros algemados já em território brasileiro.

O voo, que tinha como destino o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, precisou fazer um pouso de emergência, na noite da sexta-feira (24), em Manaus (AM), devido a problemas técnicos. Por orientação do ministro Ricardo Lewandowski, a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou às autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas.

O governo também determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”, disse, em nota.

Lewandowski, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira, 27, que os brasileiros deportados estavam em uma “situação dramática” e foram submetidos a “constrangimentos absolutamente inaceitáveis”.

Por Roseann Kennedy/Estadão
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